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quarta-feira, 15 de junho de 2011
Audax 600 10/11 06 2011
Veja todas as fotos clique aqui
Ola Galera
Estava se aproximando o dia, 10 de junho as 6:00 hs da manha seria dada a largada para o audax 600 km. Eu já havia praticamente desistido, motivos como, frio, longa distancia e o principal a quase definição que não participaria do Paris-Brest-Paris. Porem os argumentos do Guilherme e a vontade de terminar a serie me levou a repensar minha decisão.
Então sexta feira conforme o combinado saímos rumo a Poa. Carro do Guilherme com as duas bikes e farto material para enfrentar o desafio que tínhamos pela frente. Desta vez como tinha decidido ir mais cedo, a bike estava pronta, com sacola de varão, bagageiro(emprestado pelo Rudi, bem como as botinhas), dois faróis na frente, roupas meticulosamente estudadas nos vários treinos que fiz anteriormente a prova, manta térmica, faixas de segurança e etc.
Com uma viagem tranqüila chegamos ao inicio da noite na casa da Dani em Poa. Ela parceira como sempre, me recebeu super bem, pedimos uma pizza e fui dormir, pois levantaríamos às 4 horas.
Cinco e pouco chegamos no DC navegantes, ai é aquela repetição, monta as bikes que só cabem dentro do carro tirando as rodas, pega o kit, com numero para ser colocado no lado esquerdo da bike, entrega termo de compromisso, pega o passaporte e mapa com roteiro e aguarda o brieffing. Ai que veio a surpresa, e o motivo de muitos problemas, o local aonde deveríamos dormir não é uma cidade, e sim um posto de gasolina no meio do nada, e distante 90 km da cidade mais próxima para volta, nossa hora prevista de chegada no posto era em torno de uma ou duas horas da manhã, e a ideia era dormir da hora de chegada até o amanhecer, e assim voltar para fazer os 250 km restantes.
As 06:20 hs saímos preocupados, mas tivemos uma idéia no caminho, iríamos pedir para o Rudi procurar um hotel para nós, na cidade de Sinimbu ,quando chegássemos ao primeiro PC, a 64 km de Poa pela BR 116 em direção a barra do Ribeiro, o numero de loucos era pequeno, 17 participantes resolveram encarar a bronca, só a nata estava ali. (hihahuhauhuha).
Resolvido isto nos preocupamos em pedalar, pois estávamos a 600 km do nosso destino, e tínhamos 40 horas para fazê-lo. Já na subida de uma ponte longa que esta a uns 12 km de porto já tinha dois grupos, nós estávamos em sete ciclistas no grupo da frente o restante ficaram para trás. Até uns 25 km do PC1 fomos no grupo inicial, mais um ciclista que saiu de Guaíba com um uniforme de uma equipe de ciclista e pedalou junto por uns 30 km, mais adiante ele parou e disse que ia fazer uma trilha. Eu e o Guilherme fomos juntos com os ponteiros, o pedal era forte, mas estávamos acompanhando bem, mas faltando uns 15 começa umas subidas e ficou um pedal pesado, combinamos que não manteríamos o ritmo do pelotão e deixamos eles seguirem, pois já manjamos bem como tocar um Audax, tem que respeitar os nossos limites, forçar por um longo tempo começa a vir às dores e se insistir começa a complicar.
Chegamos bem as 8:50, fizemos o pacote (banheiro, carimbar passaporte, reabastecer água, banana, barra cereal), comer algo no restaurante das cucas eu tomei um café com uma torta de banana muito boa, o pessoal que tinha ido na frente ainda estava ali, e saíram um pouco antes de nós, nós fomos em frente mais 7 km e voltamos, logo após passamos o Udo que parecia estar com problemas mecânicos, continuamos como no Audax 400 até entrar a esquerda na BR 290 aos 125 km, logo após avistei um restaurante e ali paramos para almoçar, comemos uma bela comida, ali comi casquinha de siri, salmão, batata doce, moranga e massa.
Aproveitei e liguei para o Rudi, que tinha se empenhado para nos ajudar, porém continuou tudo igual, sem chance de hotel para dormir, teríamos que chegar no PC5 com 353 km para ver o que fazer, paciência, vamos em frente.
Tudo ok até chegarmos no PC2 já na RS 401 aos 162 km as 14:30 com 25 km de média, ai, tendo já passado mais outro que tinha pneu furado, no PC fizemos o pacote e fomos até o PC3. Eu comecei a querer comer umas bergamotas que tinha na estrada, chegamos a voltar para colher umas que tínhamos visto na frente de uma igreja, quando fomos apanhar vimos que era limão, continuamos até encontrar umas super graúdas, quando fomos apanhar vimos que estava na mesma propriedade do pesque pague, tínhamos chegado ao PC3.
Eram 17:00 hs, bem no horário do meu lanche da tarde, as bergamotas estavam uma delicia, mais um sanduiche, café, banana, feito o pacote e partimos, aproveitando o dia, a média? 24 tinha caído um pouco, pois já tínhamos 211 km percorridos.
Tudo normal até o PC4, na entrada de Santa Cruz, após ter feito as sete curvas, famosa pelo aclive, 263 km, 20:27, media 23. Ali engolimos uma chuleta com queijo, polenta, arroz.
Feito a refeição, voltamos colocar toda a carga de roupa, as mesmas que tinha usado de manhã, duas calças longas, meia, sapatilha e uma botinha, no corpo, thermo skin, um moletom fino, camisa de ciclista manga longa, jaqueta Nike, e uma capa como corta vento, uma luva de moto, e balaclava, na saída tínhamos que passar por dentro da cidade, o pessoal do Facin nos acompanhou pela BR 471 até chegarmos na RS 412, esta é uma estrada nova, um asfalto muito bom, liso mesmo, tocamos forte, a lua quase cheia, clareava muito bem a estrada, alguns carros e bi trains, e fomos assim, tínhamos que fazer 90 km, à noite, numa estrada nova, sem nenhum recurso, restaurante, bar, nem casa de tias tinha. (hihihi).
Para completar, além de fazer 90 km sem apoio nenhum, sem um lugar para descansar, veio uma subida de uns 13 km infernais, ali alcançamos o Marciano e Calveti, só mais dois estavam na nossa frente, mas a subida era muito forte, a minha bike que é uma speed, não tinha mais marchas para trocar, o pneu mal girava, a minha cadencia era muito baixa, logo vi que se continuasse meu joelho viria a estourar, já doía meio estranho e resolvi, vou caminhar, logo o Guilherme e Calveti me alcançaram e aderiram a minha caminhada, assim fomos um tempo, quando ficou mais plano voltamos a pedalar, dali a pouco caminhamos de novo, num novo aumento da inclinação, o Marciano que estava de MTB, foi o único que conseguiu seguir pedalando. Logo avistamos uma luz piscando, eram o Graxa e um outro , que tinham chegado na frente no Audax 400. O graxa é conhecido pela força de pedalar e um cara que participou de mais de 20 Audax, mas estavam ali, desistindo da prova, 90 km sem comida, sem recurso e aquela subida fez os caras jogarem a toalha, batemos um papo, tomamos uma água e fomos embora, tivemos que subir e descer por mais 20 km, isto depois que você pensa que chegou é desanimador.
PC5, 353 km, 02:55 de domingo, um prato de massa me esperava, e uma cama, cama?
Sim uma cama feita com quatro cadeiras de madeira enfileiradas, para não deitar no chão, sem cobertor, deitei de costas, 5 minutos, virei de lado, não tinha aonde escorar a cabeça, de bruços, cabeça apoiada nos braços, capotei, ali, no restaurante do posto, a 84 km de Soledade, sim Soledade, estávamos perto de casa, no meio do nada.
Sinceramente, o Audax , como o próprio nome diz, é algo muito forte, de superação mesmo, mas te largar 90 km sem um recurso, parando no meio do nada, sem lugar para descansar foi muito descaso. O diretor de prova, que não pedala, não conhecia estes últimos 100 km de ida , deixou a cargo do estranho Udo, que pedala sozinho todo o tempo, mas bobo ele não é , pois mora no caminho e foi dormir em casa, os outros que se lixem, o diretor Cícero, dormiu dentro do carro, legal né ?
Resultado disso?
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Ali pelas cinco, o Calveti, que tinha conseguido um cobertor me cedeu, me enrolei nele, e sentado dormi com a cabeça apoiado na mesa mais um pouco.
Em torno de 6 horas, amanhecendo começamos a nos preparar, eu Calveti e Marciano, neste meio de tempo chegou o Udo, e outro que mora ali por perto, nós já de saída.
O Guilherme, não, não esqueci dele, ele não saiu com nós, apesar de ter insistido, ele disse que não tinha mais condições , iria voltar pingando pelos Pcs, no carro da organização.
Tomei dois comprimidos de Paracetamol, comi um prato de massa e partimos, descendo naquele tapete, amanhecendo, a minha bike embala muito, eu não ia frear, depois de 360, faltando 240, deixei correr, e aproveitava o embalo para subir aquela gangorra , chegamos rapidamente aonde tínhamos empurrado as bikes, ali cheguei a andar a 67 km, fazendo tangencias e andando como se estivesse numa moto, passamos por um ônibus embicado no barranco, os estudantes tudo fora, alguns descendo a pé, parece que ninguém se machucou, eles ficaram dando urras pela nossa passagem em alta velocidade.
Após uns 40 km, olho para trás e vejo alguém de preto na frente do Marciano, o Udo estava de abrigo cinza, Calveti de vermelho, assim como o outro que chegaram na hora que estávamos saindo, só tinha mais um , e estava de preto, sim o Guilherme tinha nos alcançado, imprimindo um forte ritmo, após trocarmos vários comprimentos, e felicidades voltamos a pedalar forte, estávamos juntos de novo.
Chegamos no PC6, km 443, as 10:31, tínhamos percorrido 90 km em 2:25 hs, na chegada de Santa Cruz nos perdemos, o pessoal que ia nos esperar não apareceu, tive que pegar o mapa, e me achar, pacote feito, comi um sanduba natural, um energético que da asas, tiramos os agasalhos botados anteriormente e partimos para o PC7.
Antes de chegarmos o Marciano furou um pneu, faltava uns 15 para o pesque pague, chegamos la nos 495 km às 13:40, aquela massa, que pedi com queijo , refri, pacote e , bergamotas de novo. Após ter rodados uns 2 km reparei, tinha deixado uma caramanhola com água la no PC, liguei para pedir que levassem embora junto.
Após rodarmos tranqüilos, chegamos ao PC 8, 544 km, 16h40min, e não trouxeram minha caramanhola, não fez muita falta vim comendo as bergas, sem parar, descascando e andando. (hihihi).
Ali confirmamos estávamos em torno de 2 horas na frente de qualquer outro, pacote feito, peguei uma garrafa de refri vazia e coloquei água e partimos para os 56 finais.
Fomos bem, fazendo alguns revezamentos, fomos sem parar até chegar no Dc, muito movimento no final de domingo, os carros passam a mil, eu com um farol fraco, fiquei meio de longe acompanhando o Guilherme e Marciano.
As 19h30min, após 37 horas e dez minutos, com a média de 21,30 km/h, com 31h22min hs de pedal chegamos no DC, como tínhamos combinado, os três lado a lado andamos por dentro do DC até o posto, muita alegria, o Marciano, com a mulher Beatriz que da suporte ao marido em todos os Audax, full time, e seu irmão e esposa, o pessoal da organização, todos nós ficamos muito felizes, éramos os primeiros a chegar.
Após recebermos medalhas, certificados, guardar tudo no carro fomos embora, tínhamos terminado o Audax Terminator,7 de 13 que largaram chegaram.
Uma coisa tenho certeza, agora vamos gozar a vida pedalando leve, quilometragem sei lá quando.
Esta eu vou dar de presente aos leitores do blog, a pessoa quando esta determinada pode muito, o corpo depende muito da mente. Eu posso muito ainda, apesar dos meus bens e maus vividos anos.
Certa vez eu li um e-mail enviado a mim, que resumidamente conta o seguinte. Um condenado a morte nos EUA topou participar de uma experiência, aonde o pessoal iria simular que uma veia do pulso seria cortada, mas a ele foi dito que seria realmente cortado, e ele vendado esperaria a morte até todo sangue se esvair, porém na realidade ele não foi cortado, e colocaram uma bacia, abaixo do seu braço com agua sendo gotejada nela, após algum tempo o homem teve uma parada cardíaca e morreu sem ter perdido uma gota de sangue.
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Muita boa essa postagem sobre o Audax 600. Eu tambem sou um audaxioso(de Bagé RS), e estou treinando para o brevet de 600km mês que vem em POA. Acredito que todos os brevets sao desafiadores, mas o brevet de 600 é mais desafiador ainda. Estou me preparando psicológicamente tambem hehehehe Tambem tenho um blog : pampanopedal.blogspot.com Abraço
ResponderExcluirque maravilha em Chico, parabéns a vc e ao Guilherme, e aos outros ciclistas que completaram o audax, realmente é uma realização, 600 km é para poucos, quem sabe um dia eu me arrisque, mas com certeza farei um audax que não seja organizado pelo Cícero, pois é vergonhoso...
ResponderExcluirChico e Guilherme:
ResponderExcluirparabéns por mais essa conquista. Venceram a desorganização e o cansaço. A perseverança que o Chico e o Guilherme vêm demostrando é um exemplo e incentivo para todos nós. Abraços!